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Sobre Antonio Miranda
 
 


 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

OLIVEIRA, Joanyr de, org.  Poetas de Brasília.  Brasília: Editora Dom Bosco, 1962. 107 p    16 x 22cm. 
Ex. bibl. Antonio Miranda

 

         BRASÍLIA

      
Brasília: realidade, arrojo, encantamento
       e glória... Aspiração dum povo e duma raça!...
       Gigantesca e febril, cada instante que passa
       és novo desafio... É um deslumbramento

       na amplidão do horizonte, em que, rubro, sangrento,
       fulge o sol... Plano audaz que o gênio humano traça,
       és beleza e equilíbrio, és harmonia e graça;
       és o sonho de heróis e florir num momento...

       Unes, num mesmo amplexo, irmãos do Sul, do Norte,
       do Leste e Oeste... És força e ritmo; sinfonia
       de tons que nos enlevam em mágico transporte...

       Candangos! Não será o vosso esforço em vão:
       —Vossos filhos por certo hão de ter, algum dia,
       na redenção da Pátria, a própria redenção!...


       OSCAR NIEMEYER

      
O Artista, — junto ao Pai agonizante, —
       triste, recorda: a estrada percorrida...
       A alma, teve-a a Dor fortalecida,
       e mágoas não guardou, um só instante...

       Recorda e sonha... No sertão, distante,
       Brasília surge, a palpitar de vida:
       aspiração da Pátria enternecida;
       um momento da História, fulgurante.

       Recorda... E beija, humilde, aquela mão,
       que lhe foi sempre amparo e proteção,
       mão que o soube guiar a cada passo...

       Olha-o o Pai... (Foge-lhe do olhar o brilho).
       E assim lhe diz, no derradeiro abraço:
       —“Tu cumpriste o dever. Adeus, meu filho!”


       O CRUZEIRO DE BRASÍLIA

       Braços aberto para a imensidade,
       ei-lo que se ergue no alto, como um grito
       soberbo de Fé, contra o infinito.
       Tosco madeiro, — quanta majestade

       possui no entanto! Que emoção me invade
             a alma se, ansioso, os olhos nele fito
       para aquietar o Coração aflito,
       na incessante procura da Verdade.

       Ei-lo: braços abertos! Na amplidão,
       mais se alarga o horizonte... É o sertão,
       que convida ao trabalho o Mundo inteiro.

       Braços abertos sobre a terra!... Do alto,
       na mensagem de Amor lá do Planalto,
       —“Sede todos irmãos” — lembra o Cruzeiro.


       SONETO


       (Ante o túmulo de Bernardo Saião)

       Cismo e sonho, absorto, ante a lápide singela...
       E o teu nome repito... Aos poucos, lento, brando,
       o teu perfil de bravo; e a tua vida bela,

       entre rasgos de audácia, heroica, se revela...
       Na hora imprecisa e vaga em que o sol se põe, quando
       assim teu nome invoco, eis que, no azul brilhando
       —num símbolo por certo,— aparece uma estrela.

       Descansa na Cidade entressonhada um dia.
       Repousa, Bandeirante, em teu rincão amado,
       — sob o vasto céu, entre árvores de Cerrado).

       que eu, ao ler teu nome em a lápide fria,
       a glória te adivinho ao calor da emoção:
       —O Sertanista audaz, ó Bernardo Saião!

 

 

 
 
 
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